Nos últimos anos, um fenômeno preocupante vem se desenhando: o aumento do consumo de álcool entre as mulheres. Estudos recentes, como a pesquisa da Agência Brasileira de Saúde, em 2019, indicam que 17% das mulheres adultas brasileiras consomem álcool pelo menos uma vez por semana, um número que subiu consideravelmente em relação a anos anteriores.
Mas por que isso está acontecendo? Diversos fatores contribuem para esse cenário:
Mudanças nos papéis sociais:
As mulheres conquistaram maior autonomia e presença no mercado de trabalho, assumindo mais responsabilidades e enfrentando desafios como machismo e dupla jornada. Isso pode levar ao uso do álcool como forma de lidar com o estresse e as cobranças.
Pressão social: A publicidade direcionada às mulheres frequentemente associa o consumo de álcool a momentos de alegria, descontração e sucesso, criando uma falsa ideia de que a bebida é necessária para se divertir ou ser aceita socialmente.
Fatores psicológicos: Ansiedade, depressão e traumas também podem levar mulheres a buscar refúgio no álcool, mascarando problemas mais profundos.
Não estou aqui para abrir uma discussão de caráter julgativo, mas sim apontar os possíveis riscos do aumento de consumo de álcool entre as mulheres. Afinal, o fígado é o órgão responsável por metabolizar essa substância. No entanto, o consumo excessivo pode sobrecarregar esse órgão, levando a diversos problemas de saúde, como:
Esteatose hepática: acúmulo de gordura no fígado, podendo evoluir para cirrose e câncer.
Hepatite alcoólica: inflamação do fígado que pode ser aguda ou crônica, levando à insuficiência hepática.
Fibrose hepática: endurecimento do fígado, que pode progredir para cirrose.
É importante lembrarmos também que as mulheres são mais suscetíveis a problemas hepáticos em geral e não apenas pelo consumo de álcool. Mas tratando exclusivamente dessa questão, mulheres geralmente possuem menor quantidade de água no corpo e menor atividade da enzima ADH, responsável pela metabolização do álcool. Isso significa que o álcool permanece mais tempo no organismo feminino, causando mais danos ao fígado.
As alterações hormonais durante o ciclo menstrual e na menopausa também podem aumentar a suscetibilidade ao dano hepático pelo álcool.
O que podemos fazer?
É fundamental nos conscientizamos sobre os riscos do consumo excessivo de álcool para a saúde, especialmente para o fígado.
Diálogo aberto: Médicos, familiares e amigos podem iniciar um diálogo franco e sem julgamentos sobre os hábitos de consumo de álcool.
Buscar apoio profissional: Em casos de consumo abusivo, o apoio de profissionais especializados, como psicólogos e hepatologistas, é fundamental para o tratamento e acompanhamento.
Mudanças de hábitos: Praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável e o desenvolver hobbies saudáveis podem contribuir para um estilo de vida mais equilibrado e com menor risco de consumo excessivo de álcool.
Lembre-se: Cuidar da saúde do fígado é fundamental para o bem-estar geral. Se você se preocupa com o seu consumo de álcool ou o de alguém próximo, busque ajuda profissional.
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