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Como o álcool afeta o fígado?

Foto do escritor: Dra Patrícia AlmeidaDra Patrícia Almeida
Como o álcool afeta o fígado

O fígado sofre os primeiros e maiores danos devido ao consumo excessivo de álcool, pois é o órgão que realiza quase todo o metabolismo do etanol.

O álcool danifica o fígado por vários mecanismos, tais como: atrapalha o metabolismo das gorduras, aumentando sua produção e reduzindo a sua queima, danifica as mitocôndrias, o que provoca menor gasto energético. 


O metabolismo do álcool também gera radicais livres e acetaldeído, que causam danos direto às células no fígado.

As mulheres são mais suscetíveis à cirrose com menores doses acumuladas de álcool devido à menor atividade de uma importante enzima (ADH) e por diferenças no metabolismo de ácidos graxos.


Fatores genéticos podem aumentar a suscetibilidade a doenças mais graves, o que explica algumas pessoas serem mais resistentes. 


Além disso, o álcool é tóxico para a microbiota intestinal, o que piora a doença hepática devido a disfunção intestinal com consequente entrada de bactérias e toxinas no sangue e alcançar o fígado, ativando processos inflamatórios. 


A inflamação persistente causa morte celular e promove a deposição de tecidos cicatriciais, o que pode levar a cirrose hepática. 



Quanto tempo é necessário para limpar o fígado do álcool?


Vários fatores influenciam o metabolismo do álcool, tais como: idade, estrutura física (altura, massa corporal), vulnerabilidade genética, estado de saúde, padrão de consumo e contextos relacionados à ingestão de bebidas alcoólicas (se bebe durante as refeições, velocidade de ingestão, uso concomitante de medicamentos e chás, por exemplo).


As diferenças no metabolismo do álcool podem colocar algumas pessoas em maior risco para desenvolver problemas relacionados ao álcool. Independentemente da quantidade que uma pessoa consome, o corpo pode metabolizar apenas uma certa quantidade de álcool a cada hora. Esse montante varia amplamente entre os indivíduos e depende de uma série de fatores, incluindo o tamanho do fígado e massa corporal.


Em média varia entre 12h e 72h para a saída do álcool do fígado, mas os danos provocados pelo álcool podem demorar até 6 meses para uma recuperação. Isto depende da saúde do órgão e da sua reserva para a regeneração, que não é infinita.



Qual a relação do álcool com a esteatose hepática?


Quando consumido em excesso, o álcool interfere em uma enzima chamada AMPK, que regula o metabolismo das gorduras. A AMPK ativa outra proteína, PPARα, que é importante para a queima de ácidos graxos. O álcool inibe a AMPK, e isso resulta em uma menor queima de gordura pelo fígado. Além disso, o álcool causa danos nas mitocôndrias, as "fábricas de energia" das células, o que também reduz a capacidade do fígado de queimar gorduras.

O álcool também aumenta a produção de ácidos graxos no fígado. Além disso, o consumo de álcool reduz a produção de adiponectina, um hormônio que ajuda a controlar os níveis de gordura, e aumenta a liberação de ácidos graxos dos depósitos de gordura do corpo.

Por outro lado, o álcool inibe a secreção de ácidos graxos pelo fígado, o que contribui ainda mais para o acúmulo de gordura no órgão. Ele também afeta várias vias de sinalização celular, incluindo aquelas associadas à inflamação e à regulação da autofagia (processo de limpeza celular). Essas mudanças contribuem para a progressão da esteatose hepática alcoólica, uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado.



É possível fazer um detox para recuperar o fígado? 


Na verdade, é possível capacitarmos o nosso fígado para desempenhar adequadamente uma das principais ações dele, que é o detox do nosso corpo.

Como!!? Evitar o consumo do álcool, tabagismo e outras drogas, evitar a automedicação, inclusive de ervas/chás/suplementos, praticar sexo seguro, cultivar uma alimentação balanceada e com alimentos de verdade, praticar atividades físicas com regularidade e hidratar-se. 



Lembre-se que o fígado é um órgão silencioso, ele apenas provoca sintomas quando mais de 80% de suas células estão comprometidas.

Ao mesmo tempo, ele também é muito resistente e pode se regenerar, mas essa capacidade não é infinita. 


Inclua no seu checkup a avaliação da saúde do fígado!

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